"Temos que ser otimistas e proativos para enfrentar a maior crise vivida pelas últimas gerações”, conclama o presidente do Seac-RJ, Ricardo Garcia

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Ricardo Garcia, presidente Seac-RJ
Ricardo Garcia, presidente Seac-RJ
Ricardo Garcia, presidente Seac-RJ
Ricardo Garcia, presidente Seac-RJ

Entre os serviços essenciais, o setor de limpeza tem um papel estratégico no enfrentamento do atual cenário de pandemia. Além disso, a higienização é uma ação fundamental para a saúde e o bem-estar de todos os trabalhadores e clientes e exerce influência sobre a produtividade, melhorando os resultados e a imagem das empresas.

No entanto, com o fechamento de diversos locais de trabalho para evitar o espalhamento do Covid-19, as empresas do setor de limpeza e conservação precisaram adaptar-se rapidamente aos decretos sanitários editados desde o mês de março, inclusive incorporando novas técnicas de limpeza e protocolos de segurança. Para falar sobre os desafios enfrentados pelo setor, o presidente do Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação (Seac-RJ) do Rio de Janeiro, Ricardo Garcia, conversou com a equipe do Cebrasse News. Confira.

Cebrasse News – Profissionais de limpeza não podem parar no período de pandemia. Quais os cuidados que vocês estão tendo com os profissionais da área?

Ricardo Garcia – A situação é de cuidado com a vida de todos, principalmente com os nossos colaboradores que estão na linha de frente nessa batalha para conter o impacto negativo da pandemia na sociedade. Temos adotado os cuidados para uma perfeita higienização sem sequelas, dando conforto e segurança aos profissionais, através de EPIs específicos, incluindo máscaras e álcool gel. Temos algumas limitações, pois a grande maioria de nossos colaboradores, estão locados nos contratos, ou seja, na casa do cliente. Assim, procuramos intensificar a orientação aos nossos supervisores de área, que repassam aos nossos colaboradores e também a nossa sinergia com os clientes, para ajustar o nosso “Protocolo de Orientações de Prevenção da Covid-19”, aos protocolos dos clientes.

Cebrasse News – A atuação de vocês mudou depois dessa pandemia? Adicionaram novas técnicas de limpeza?

RG – Sim. Estamos aplicando os protocolos de higienização mais indicados para o setor, que vieram para ficar, neste momento da pandemia, aliados às exigências legais, como por exemplo, os protocolos definidos pelo Estado e pelo Município do Rio de Janeiro.

Cebrasse News – Qual a importância do setor de limpeza na prevenção do Coronavírus?

RG – Total! Junto com os profissionais de saúde e as orientações das autoridades, as rotinas dos serviços de limpeza têm uma importância, ainda maior, neste momento da pandemia. Não há condição sanitária para que um médico possa salvar vidas sem uma correta assepsia nas dependências hospitalares, assim como neste momento de início de reabertura econômica, onde as dependências dos contratantes de serviços deverão passar primeiro por um processo de sanitização e desinfecção, garantindo assim, a eliminação de vírus, bactérias e outros micro-organismos presentes no ambiente, conforme determinam as regras legais e também por orientação da OMS.

Cebrasse News – Qual a situação hoje das empresas de limpeza?

RG – A situação não está fácil para nenhum setor. O de limpeza, ainda que caracterizado como essencial, depende da reabertura econômica para a sua plena execução. E como vivemos, até agora, com regimes de isolamento, onde vários contratantes de serviços fecharam as portas, os serviços de limpeza também sofreram com este impacto negativo. As receitas do setor tiveram quedas entre 30% e 50%, sem a diminuição das demais despesas, na mesma proporção, devido a rígida legislação trabalhista brasileira, apesar dos avanços e adaptações recentes.

Cebrasse News – Vocês atendem o setor público e privado também, né? De que forma o setor privado está afetando, com as portas fechadas, o setor?

RG – O setor de prestação de serviços atua tanto na esfera pública como privada. O impacto negativo tem sido elevado com a interrupção das atividades de shoppings, comércio, indústria, escolas, escritórios, entre outros, deixando as prestadoras de serviços, que empregam grande contingente de mão de obra, em situação de extrema dificuldade. São novas situações e demandas a cada dia, exigindo muita “criatividade” e equilíbrio para tomarmos decisões, que preservem os empregos, as empresas e os contratos com os clientes.

Cebrasse News – O setor fez algum acordo com trabalhadores baseado nas medidas provisórias do governo? Fizeram negociação com os sindicatos dos trabalhadores do segmento?

RG – Sim. E, neste ponto, graças a compreensão e negociação dos sindicatos da categoria patronal e profissional, principalmente por entenderem a gravidade da situação atual, que exigiu bom senso de ambos os lados, aliado às medidas legais, foi possível atenuar o impacto da retração econômica causada pela interrupção dos negócios, especificamente com foco na preservação da atividade empresarial e da manutenção dos empregos.

Cebrasse News – Qual a sua opinião sobre o período de fechamento do comércio do Rio de Janeiro? E a condução do governo do estado sobre isso?

RG – Vivemos momentos de apreensão, de stress e de grandes incertezas. É óbvio que, neste cenário, as políticas públicas também caminham em descompasso com as necessidades da sociedade, o que acaba gerando intranquilidade nos negócios. O nosso pensamento sobre o isolamento social e fechamento das atividades econômicas, é o de alinhamento mundial, principalmente com as regras orientadoras da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde. O fechamento se fez necessário para conter a contaminação descontrolada do Coronavírus, e agora, tendo em vista que ainda não surgiu uma vacina contra esse vírus, o momento é de reabertura com critérios, na forma determinada pelos governos estaduais e municipais. No caso do Estado do Rio de Janeiro, temos 92 municípios e, naqueles que não tenham legislação específica, prevalece a legislação estadual, conforme recente decisão do STF sobre o assunto. Entendemos, por fim, que os poderes executivos, legislativo e judiciário devem fazer um esforço para atuarem em conjunto e ajudar a sociedade a enfrentar o inimigo invisível que é o Covid-19.

Cebrasse News – Com o relaxamento e reabertura gradativa, existe um protocolo de funcionamento e atuação das empresas que vocês já estão colocando em prática?

RG – Sim. Não podemos abrir mão das regras protocolares e nem das exigências legais previstas nas legislações. As empresas devem estar em sintonia com o que há de mais moderno e eficaz para ajudarem no combate desta pandemia, executando serviços de excelência e preservando a saúde de sua equipe. Cabe ressaltar, outrossim, que os contratantes de serviços têm uma importância significativa no combate à pandemia, ao contratar serviços com critérios e não somente com a obsessão pelo menor preço, o que, infelizmente, tem sido uma regra.

Cebrasse News – O senhor poderia enviar uma mensagem de esperança para os trabalhadores e empresários do setor no atual cenário?

RG – Temos que ser otimistas e proativos para enfrentar a maior crise vivida pelas ultimas gerações. Não devemos perder o sentimento positivo pela vida e pelo trabalho. O mundo inteiro está trabalhando para reverter esta situação e, com certeza, superaremos este momento difícil com mais força e inteligência. Fica o legado de que não há emprego sem empresa, portanto, todos os agentes, públicos e privados, devem ter a resiliência e o bom senso para pensarem fora da caixinha, vislumbrando sempre o norte da preservação da atividade empresarial com a efetiva manutenção do emprego. Há que se ter segurança jurídica para a saúde da relação capital/trabalho com resultados benéficos para toda a sociedade. Por fim, desejo que as autoridades públicas busquem harmonia e ajudem o País nesta reabertura econômica.

Por Valnísia Mangueira