Jorge Luiz Segeti *
Uma das grandes dúvidas dos pesquisadores e estudiosos das gestões das empresas é o porquê uma empresa resiste a crises e outras não.
Com certeza, não se chegará a uma resposta única, uma fórmula mágica ou uma receita de comportamento. Mas aqui, quero tratar do que chamo das raízes empresariais.
Comecei a pensar neste tema, quando me lembrei de um conto que ouvi há muito tempo, em uma rádio:
“Certo dia, houve um grande vendaval em uma pequena cidade do interior, com o qual várias casas foram destelhadas, mas o que mais chamou a atenção foi o grande número de árvores que tinham sido arrancadas em todas as propriedades, exceto em um pequeno sítio.
O repórter do jornal da cidade foi perguntar ao senhor, dono do sítio, se ele poderia explicar o porquê de suas árvores terem sido as únicas a não caírem, em toda a região.
– Meu filho – respondeu o senhorzinho – as raízes são profundas. Quando as plantei eu não regava todos os dias, para que elas procurassem água, mais ao fundo. Ainda pequenas,as batia com jornal, para que elas sentissem já as dificuldades de um dia crescerem.”
Quando sabemos que uma empresa tem raízes profundas para suportar os vendavais da economia?
Na sua operação de venda ou na prestação de serviço, é quando o cliente realmente é colocado como o mais importante. Mais do que vender, é entregar o que foi vendido. É saber que, para conquistar um cliente, é preciso se aprofundar muito, ter os melhores produtos e serviços, mas não só um discurso de marketing.
Pode ser que tome umas “jornaladas”, como prejuízo na entrega dos produtos ou serviços, mas entrega o que foi acordado. Às vezes tem que lidar com a desonestidade do cliente que quer levar vantagem, usando de brechas na relação comercial, mas isso faz com que a empresa aprenda, se aprofunde nos seus processos, busque melhorar, aperfeiçoar e criar métodos para que os erros não se repitam.
No operacional é aprofundar na busca de “novas águas”. Tendo os melhores produtos e serviços, oferecendo o que o cliente realmente quer. O aprofundamento, normalmente, não é em linha reta,mas adaptando as dificuldades do terrenoàs novas realidades.
Nas finanças a fixação está no conhecimento real e a gestão dos seus números, para que seja base para tomar decisões ágeis e assertivas.
Preocupar-se com as raízes não é se descuidar do restante da árvore, é lembrar que haverá tempestades que irão arrancar as folhas, outras poderão até quebrar os galhos e, quando mais drásticas, quebrar o tronco principal. Mas, quando há raízes profundas, elas nutrirão para renascerem as folhas, nascerem outros galhos e até brotar uma nova árvore no tronco quebrado.
(*) CEO da Segeti Consultoria | VP do SESCON-SP | Diretor Técnico da Cebrasse – Central Brasileira do Setor de Serviços