Empresariado vê discurso de Bolsonaro com apreensão

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Representantes do setor privado avaliam que presidente deveria agora focar retomada

Jornalista, Joana Cunha é formada em administração de empresas pela FGV. Foi correspondente da Folha em Nova York e repórter de Mercado

7.set.2021 às 20h28

SÃO PAULO Representantes do empresariado acompanharam o discurso de Bolsonaro nesta terça (7) com apreensão. A avaliação geral é que, passado o evento, o presidente deveria focar a retomada e perseguir a agenda econômica deixando a política de lado.

Paulo Solmucci, presidente da Abrasel (associação de bares e restaurantes), afirma que encerrou o dia aliviado porque estava apreensivo com a possibilidade de violência nos atos.

“Eu acho que o empresariado sai menos tenso desse momento e que podemos ter uma semana positiva. Espero que a gente continue lidando com as questões políticas dentro da
Constituição”, diz ele.

João Diniz, presidente da Cebrasse (Central Brasileira do Setor de Serviços), afirma que as falas de Bolsonaro contribuem para gerar desunião e discórdia.

Ele critica os ataques às instituições, como o STF e pede que, em vez de bravatas, o presidente dê mais atenção à pauta econômica e à crise energética. “Cada vez que ele [Bolsonaro] abre a boca a Bolsa cai, o dólar sobe”, diz.

Para José Carlos Martins, presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), as manifestações desta terça foram uma demonstração cívica salutar, mas agora o país precisa discutir outras questões, como o combate à fome e à
desigualdade.

“Eu acho que Bolsonaro poderia ter discutido isso mais
profundamente, porque ele estava com esse capital [apoio
popular] na mão”, afirma.

Na avaliação de José Ricardo Roriz, presidente da Abiplast (associação da indústria do plástico), Bolsonaro esticou ainda mais a corda e terá consequências na recuperação econômica e nas reformas. “Pode ser um caminho sem volta”, diz.

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