Covid-19 foi o principal motivo de afastamento do trabalho nos últimos dois anos

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Para especialista, é essencial que as empresas façam uma boa gestão do absenteísmo e que exerçam uma liderança positiva nos espaços de trabalho

O absenteísmo em decorrência de motivos médicos não é novidade. Mas com a chegada da pandemia do novo coronavírus, houve uma explosão de casos de afastamento relacionados a doença provocada pelo vírus, a Covid-19. De acordo com o médico do Trabalho e especialista em Perícia Médica, Paulo Reis, mais de 70% dos casos de absenteísmo registrados em 2020 e 2021 estavam, de fato, conectadas diretamente ao problema.

“Se a gente for falar de absenteísmo em função de doenças e acidentes de trabalho, você tem um aumento de tributação do fator acidentário de tributação, por conta dessa falta de trabalho e dessa taxação, que resultam em um custo elevado para as empresas em suas folhas de pagamento”, explicou. Para o especialista, há necessidade de acompanhamento das faltas de trabalho, de estudos sobre as causas das faltas e as medidas que são necessárias para a redução do absenteísmo.

A legislação trabalhista brasileira define que as empresas são responsáveis pelo pagamento dos 15 primeiros dias de ausência do trabalho por motivo de doença, e só a partir do 16º dia é que o auxílio-doença passa a ser obrigação do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Segundo Reis, esse era um tema que tem sido mais fortemente gerenciado ultimamente, em função dos custos elevados que isso tem trazido para as empresas de uma maneira geral.

“Temos um projeto, em São Paulo, com a Federação das Indústrias de São Paulo, de implantação de gestão de absenteísmo e nexos previdenciários. No ano passado apresentei um levantamento sobre as faltas ao trabalho e o impacto decorrente da pandemia. Foi um absurdo. Um número muito grande. Pois não foi o afastamento apenas do indivíduo, mas também das pessoas do convívio desse trabalhador”, observou Reis.

O estudo apontou, no universo de 17 empresas acompanhadas, que foram 12.837 dias de trabalho perdidos, ao custo de R$ 1,6 milhão – a média de R$ 76 mil ao mês – no período de 21 meses. Cerca de 3.100 trabalhadores foram afastados alegando problemas respiratórios. Reis lembra que para lidar com o desafio, é preciso fazer gestão do Fator Acidentário de Prevenção (FAP).

“Principalmente quando se vê uma situação anômala como a de uma pandemia e principalmente agora, com a ômicron, porque a transmissibilidade desse vírus é absurda. E o Brasil deve seguir E deve se levar em conta que aparecem, nesse cenário, os espertinhos, então, se não for feita uma boa gestão, esses casos nunca serão ‘pegos’. Toda essa questão de absenteísmo está ligada a aspectos de liderança. Pode ter certeza, se o líder não for um cara bom, comprometido com um ambiente saudável, as pessoas ficarão mais doentes e faltarão muito mais”, avaliou.

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