“O livre arbítrio é a essência da liberdade. Ele deve ser cultivado e praticado com todo cuidado, o que implica defender o direito que tem o próximo de exercê-lo.”
José Luiz Gomes do Amaral*
Ao homem, nos foi dado poder de decisão sobre nós próprios.
O livre arbítrio é a essência da liberdade. Ele deve ser cultivado e praticado com todo cuidado, o que implica defender o direito que tem o próximo de exercê-lo.
A discordância nunca deve levar ao desrespeito pela opinião contrária.
Não raro, nos vemos compelidos a buscar aliados para fortalecer nossas posições. Nesse mister, o convencimento é, de muito longe, a melhor forma de conseguir apoio. O processo de convencimento só acrescenta benefícios ao desiderato inicial, visto que o diálogo é poderosa ferramenta para o aprimoramento da opinião. Ouvir diferentes pontos de vista solidifica a ideia primária, ou mesmo evidencia inconsistências, dando oportunidade de correções de rumo.
Condições sine quibus non para auferir tantas vantagens são abrir e manter o diálogo, guardando a disposição de mudar de ideia. No diálogo, os participantes têm pontos de vista iniciais, mas admitem posição final diversa.
Pode-se escolher pedir apoio, sem dialogar; pode-se comprar apoio, ou até exigi-lo. Estas três alternativas têm muito em comum. Pedir é comprar, e aqui a moeda é a amizade. É comprar com a amizade. Exigir é ameaçar implícita ou explicitamente, é comprar com a moeda da autoridade. Quem a usa, desce na hierarquia e enfrenta a incerteza da entrega.
Pedir a alguém que se posicione contra suas convicções pode ser desnecessário, visto que o c convencimento poderia bastar. Deixa o solicitante na posição de devedor. Implica no risco de desgaste do relacionamento, em caso de negativa.
A compra pode custar demasiado; pode fracassar, caso não haja vontade de vender. A exigência pode fracassar e exaurir a autoridade. Tem-se de considerar que a imposição, mesmo quando obedecida, implica em apoio duvidoso e fere com profundidade imprevisível as relações interpessoais. Quando o diálogo chega à exaustão, não se impõe desistir, mas descansar, refletir, recolher argumentos e rever posições. E retomá-lo tão breve quanto possível.
(*) José Luiz Gomes do Amaral é presidente da Associação Paulista de Medicina
Fonte: AMP