Presidente da Cebrasse e do SEAC-MG avaliam que as empresas precisam investir em tecnologia e capacitar seus funcionários. Empregos repetitivos tendem a diminuir, no entanto a tendência é que outros mais qualificados surjam
As empresas que estão mais digitalizadas, ou seja, que introduzem tecnologia nos processos de gestão, na relação com os clientes, na parte produtiva têm ganhos de produtividade e empregam mais. Essa foi a conclusão do estudo realizado pelo Banco Europeu de Investimento (BEI), “Who is prepared for the new digital age? – Evidence from the EIB Investment Survey”, que analisou o que o cenário de pandemia da covid-19 criou as condições para se iniciar “uma nova era digital, acelerando a maturidade da tecnologia digital. O que antes era ‘bom ter’, agora pode-se tornar ‘crucial ter’”.
O presidente da Cebrasse, João Diniz, observou que se surpreendeu ao analisar o estudo perceber que em Portugal as empresas mais automatizadas e mais atualizadas estão empregando mais. “Tem que ter um ugrade de educacional e de informação nos funcionários para aproveitar todas essas vagas de empregos mais qualificados com a robotização que estão aparecendo. Os menos qualificados que é mão de obra terceirizada intensiva, a tendencia é desapareceram, especialmente a vigilância com as câmeras e sistema CFTV (Circuito fechado de Câmeras), controles de acesso, portaria virtual, na limpeza cada vez mais robôs, então esses empregos menos qualificados vão sumir”, explicou Diniz, concluindo que a qualificação é saída. “Isso não é o futuro, é o presente!”.
O presidente do SEAC/MG Renato fortuna defende que as empresas invistam desde já na adaptação das suas organizações e nas competências dos seus trabalhadores, preparando-os para os desafios do futuro. “As empresas têm que dar oportunidades aos trabalhadores que já estão com ela oferecendo curso de qualificação e requalificação. “Não dá mais hoje para você fazer uma faculdade e não se atualizar mais por 20 anos. Hoje, se você não se atualizar, no máximo em 2 anos você estará totalmente fora do mercado poque a evolução está vindo muito rápido. As empresas que não entrarem nessa nova era, estão fadadas a desaparecer. E os trabalhadores também”, disse.
Fortuna avalia que avanços como inteligência artificial, digitalização e robotização são essenciais para a sobrevivência das empresas. Nenhuma pode fugir disso. “Alguns postos de trabalho serão diminuídos, mas outros serão criados para a manutenção e operação dessas máquinas. O que eu acho que vai acontecer é uma mudança na forma de trabalho. Esses trabalhadores menos especializados que as funções são repetitivas serão substituídos pela automação e pela inteligência artificial. Os outros trabalhos mais complexos serão realizados pelos seres humanos”, observou.
O estudo do banco europeu observa ainda que esse processo começou com a pandemia e com a necessidade de recurso ao teletrabalho, que veio criar novas condições para desempenharem as suas funções, através das ferramentas tecnológicas disponíveis. E as consequências observadas é que o salário médio por funcionário é ligeiramente superior para as empresas digitais do que para as não digitais.
Além disso, há profissões mais manuais que não podem ser substituídas por máquinas, como, por exemplo, aquelas que são não rotineiras, como o cuidado de idosos, serviço de auxiliares na área da saúde, restaurantes, hotelaria, entre outras. E as consequências de tudo isso são o impacto no crescimento econômico e no aumento da rentabilidade. Isto porque, se permite a otimização de cadeias de produção, a agilização de cadeias de distribuição, a melhoria da eficiência dos processos, e o consequente aumento da rentabilidade nas organizações.
Na mesma linha, levantamento sobre o futuro do emprego feito pelo Fórum Econômico Mundial observou que até 2027, serão criados no mundo 69 milhões de postos de trabalho e eliminados 83 milhões. Esses 14 milhões de postos de trabalho deverão ser ceifados pelo avanço da automação e da inteligência artificial (IA). As novas tecnologias criarão outras alternativas de trabalho, mas a sociedade precisará estar qualificada para se adaptar à nova realidade e aproveitar as oportunidades que surgirem.
Entre os setores com mais potencial de impulsionar novos empregos estão, segundo o estudo, energia e materiais; tecnologia da informação (TI) e comunicação digital. A transição verde para uma economia de baixo carbono será também fonte importante de novos empregos. Eles surgem da necessidade de aumentar a geração de energia de fontes renováveis, com investimentos em parques solares ou eólicos.
A China lidera esse mercado de trabalho, tendo criado 42% dos empregos mundiais. Nos Estados Unidos, o governo Biden aprovou no Congresso uma lei que destina US$ 370 bilhões à transição da economia americana para energia limpa. Desde agosto, surgiram 100 mil novos empregos no segmento. Nas áreas de TI e comunicação digital, de acordo com o estudo, cada emprego gera cinco noutras áreas.