As urnas confirmaram o que se previa: uma vitória do centro e da direita e uma derrota da esquerda. O PSD foi partido que elegeu mais prefeitos, seguido por MDB e PP. “Quanto as eleições, entendo que os candidatos que tiveram o entendimento sobre os anseios da população é que saíram vitoriosos. Diga-se: menos burocracia, mais eficiência dos serviços públicos principalmente na saúde e segurança”, diz o presidente do Sindeprestem Vander Morales. “A esquerda parou no tempo e não acompanhou a sociedade que está cada vez mais com um viés liberal pragmático e empreendedor”, completou o presidente da Cebrasse João Diniz.
Diniz afirma que “a esquerda estatizante e garantidora de privilégios a compadres e camaradas, sem se preocupar com resultados, mas tão somente com assistencialismo com fins eleitoreiros está perdendo cada vez mais espaço e aceitação popular. O sociedade está querendo melhores serviços, melhores escolas, melhores hospitais, transporte coletivo com conforto e uma vida com mais qualidade, fruto da universalização da comunicação e acesso a vitrines a paradigmas mais altos. O velho discurso do proletariado explorado, tem cada vez menos aceitação. O reflexo disso foi o avanço da direita que sempre teve o viés do mercado, liberal e o pragmatismo do fazer mais com menos, com a competição do mercado com riscos concorrenciais visando a produtividade a um menor custo, com serviços e produtos mais acessíveis”, observou.
Um fato interessante nessa eleição é que é possível personificar essa vitória em dois personagens deste campo político. Um é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Outro, o secretário de governo dele e presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab.
Tarcísio viu o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, superar a indefinição do empate triplo e avançar na disputa ao segundo turno. Exibiu lealdade, pois mergulhou na campanha quando eram reais as chances de Pablo Marçal desbancar Nunes. Kassab, por sua vez, preside o partido recordista de prefeituras, o PSD, que desbancou o MDB e assumiu a liderança de prefeituras no país, com 844 cidades.
As urnas revelaram que o eleitor reforçou esse espectro conservador, uma tendência no país nos últimos anos. Além do PSD, estão no topo da lista MDB, PP e PL. “Isso é muito importante porque quanto mais prefeitos e vereadores eleitos, maiores as chances de esses partidos elegerem mais deputados e senadores em 2026 e, portanto, terem uma maioria no próximo Congresso Nacional”, afirma o presidente do Seac/SP, Rui Monteiro, acrescentando que isso significa que, independentemente do resultado da próxima eleição presidencial, será o centro e a direita que continuarão a ditar as regras no próximo governo.
Das onze capitais definidas no primeiro turno, nenhuma é do PT. Monteiro lembrou que isso vale muito, ainda mais em um contexto no qual o Legislativo tem mais poder de agenda que o Executivo e poder ampliou o controle de recursos federais nos últimos anos.
No restante, o PT avançou em doze capitais. Em cidades simbólicas, como no ABC paulista, o resultado é significativo. O PT perdeu em São Bernardo do Campo, onde Lula vota, Santo André e São Caetano.
No total, foram 251 eleitos, mais que os 182 de 2020, mas pouco se considerando que Lula é o presidente. No ranking, foi o nono partido.