O setor de factoring tem passado por muitas dificuldades durante a pandemia do coronavírus com o aumento da inadimplência de 5% para 30%. Para ajudar a recuperação da atividade, o presidente do Sinfac/SP Hamilton de Brito Júnior tem realizado diversas ações, como por exemplo, a criação de uma central de risco. “Uma grande diferença entre os bancos e nós é que eles têm acesso a uma central de informações e nós não. Por isso estamos criando a nossa própria. Informação é a nossa matéria-prima”, informou Hamilton.
Hamilton lembrou que fez uma pesquisa que identificou que 87% das empresas concordavam com a criação da central de risco. “Com certeza, quem falou não, pensou nos moldes das centrais de risco que havia no passado, em que as pessoas omitiam informação, mas o modelo que vamos desenvolver será bem mais avançado. Confesso que estava cético num passado não muito distante sobre a possibilidade de algo assim sair do papel, mas agora estou acreditando no êxito da ferramenta, desenvolvida especialmente para o nosso negócio e num momento muito propício, em virtude das restrições impostas pela pandemia às negativações dos birôs”, reconheceu o presidente Hamilton.
Outra ação desenvolvida pelo Sinfac foi uma assinatura de aditivo à Convenção Coletiva com o sindicato capital e acordos de convenção coletiva com os sindicatos do interior, ambos com base na MP 936, abrangendo os trabalhadores de todas as faixas salariais. “A MP permite os acordos somente em algumas faixas. A faixa entre 3 mil e 12 mil precisava passar pelo acordo com os sindicatos de trabalhadores”, explicou.
Secretário de Produtividade
O Sinfac também participou de uma videoconferência com o secretário de Produtividade, Emprego e Competitividade Carlos da Costa para apresentação dos pleitos específicos para o segmento de fomento comercial. “Um dos pleitos é permitir que a Pronamp, que é uma linha de crédito para micro e pequenas empresas, seja extensiva para empresas de factoring. Porque é uma taxa barata, de 5% ao ano, para ajudar a repor o capital perdido nesse período de Covid”, disse o presidente.
“Uma das principais ações foi criar o gabinete de crise com mais de 80 membros que alimentam diariamente os índices que são apresentados ao setor. O gabinete já tem mais de um mês atuando e está apresentando termômetros da crise com índices diários. No mês de abril, nós tivemos uma média de 68,71% de liquidez. E a taxa de operações por entradas de caixa foi 63,91%. Mas em 4 de maio, essa taxa subiu para 69,68%, o que significa uma leve retomada, provavelmente em função da reabertura do comércio em alguns locais. O pessoal fortaleceu o caixa. E na hora que esse índice ultrapassar 100% vai significar que as pessoas estão colocando mais dinheiro no mercado”, explicou Hamilton.
Foram diversas outras ações que foram discutidas em uma live com a Associação Nacional dos Bureaus de Crédito (ANBC) para esclarecer os motivos do aumento do prazo de negativação de título. A live foi motivada pelas solicitações do setor como por exemplo, os esclarecimentos sobre o aumento do prazo para negativação dos títulos para 45 dias.
Emenda a MP 958
Outra ação foi a apresentação da emenda 17 da MP 958 pelo senador Jorginho Melo, por sugestão do Sinfac. A MP estabelece normas para a facilitação do acesso ao crédito. A emenda propões que as Empresas Simples de Crédito (ESC) tenham sua atuação ampliada. “A ESC surgiu com uma série de limitadores legais que hoje dificultam a sua expansão, como a impossibilidade de atuar em mais de um município, de maneira que a microempresa sediada em município sem ESC fica sem essa alternativa, pois, não pode recorrer a ESC constituída em outro município. Existem hoje menos de 700 ESC, e o Brasil tem quase 6 mil municípios. Ou seja, muitas MPEs que não conseguirem crédito com os bancos também estão impedidas de recorrerem às ESC”, explicou a justificativa da emenda.
Ainda na justificativa da emenda, obrserva-se que o sistema financeiro não tem atendido às demandas por crédito de toda a sociedade. “Várias entidades de representação dos setores produtivos têm manifestado a frustração de seus associados que recorrem sem sucesso aos bancos. Assim, permitir que as ESC tenham sua atuação ampliada permitirá que elas, de fato, concorram com os bancos forçando estes a reduzirem suas taxas e oferecerem melhores condições. A alteração na Lei das ESC deve ser permanente. Num primeiro momento, vai auxiliar na recuperação econômica pós-covid, no segundo momento, vai contribuir para a redução o deficit de crédito brasileiro, apontado pelo Banco Mundial desde antes da pandemia. O projeto permitirá também que as ESC consultem o Banco Central sobre o endividamento dos clientes”.