ARTIGO
Antônio Eugênio Cunha
“O tempo, como o mundo, tem dois hemisférios: um superior e visível, que é o passado, outro inferior e invisível, que é o futuro. No meio de um e outro hemisfério ficam os horizontes, que são estes instantes do presente que estamos vivendo, onde o passado se termina e o futuro começa”. Padre António Vieira, História do Futuro, 1718.
Lendo esse trecho escrito pelo Padre Antônio Vieira, me permito observar como devemos construir e consolidar um modelo escolar. O cenário existente é o da educação como direito público do cidadão e, outro, as vantagens possibilitadas pelo ensino particular com ofertas de serviços diferenciados pelas escolas da livre iniciativa educacional, permitindo a cada família fazer uma escolha da melhor instituição para os seus filhos.
O ano letivo de 2021 aponta para o novo cenário, com o uso de novas tecnologias que propiciará a oferta de educação em qualquer lugar, em qualquer horário, mas ainda dependerá do espaço físico escolar. Afinal, é dentro da escola que ocorre a entrega, a troca de afetividades, o reconhecimento ao próximo e, acima de tudo, o convívio social. Contudo, é importante ponderar que o cumprimento de regras e horários, fundamentalmente, é aprendido na escola; bem como o aprendizado desenvolvido pelos professores de acordo com os projetos pedagógicos.
A nova escola a partir de 2021 será uma composição do que existe atualmente com uma introdução de um novo, onde todos estão aprendendo muito rapidamente. O que deveríamos colocar em prática em 2025 foi antecipado para 2020 e 2021. Serão investimentos em novas tecnologias, aquisição de serviços dos sistemas de ensinos e plataformas educacionais. Além disso, os professores devem passar por treinamentos e a comunidade escolar receberá novos aprendizados.
O ano escolar de 2020 foi atípico e sofreu várias intervenções devido à pandemia decorrente da Covid-19. Aconteceu a interferência do estado, dos órgãos de controle, do Ministério Público, da Justiça do Trabalho, das legislações estaduais inconstitucionais, ocasionando a desordem no setor educacional. A inadimplência cresceu por diversos motivos, aconteceram desistências e transferências, impactando fortemente os estabelecimentos de ensino. As famílias tiveram perdas salariais e o orçamento familiar teve que ser revisto.
Nos horizontes definidos pelo Padre Antônio Vieira, que são os instantes do presente que estamos vivendo, onde o passado se termina e o futuro começa, tem a escola se adequando e sobrevivendo em 2020 e, pensando e construindo um projeto para 2021 em diante. Neste momento, a instituição está cuidando de suas planilhas, na formação de preços dos serviços educacionais que serão oferecidos no próximo ano letivo, com cuidado voltado ao orçamento das famílias e também ao investimento necessário com o advento das novas tecnologias. Não podemos esquecer da reforma tributária que se aproxima e é necessária para o país. Todos esses fatores precisam estar no tamanho certo. A escola não tem margem e não pode errar na sua precificação.
O tempo da construção das planilhas é agora e as famílias precisam conhecer o quanto custará este investimento que fará deste serviço essencial aos estudantes, à comunidade e ao país.
* Antônio Eugênio Cunha é gestor educacional, diretor da Federação Nacional das Escolas Particulares (FENEP) e do Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Espírito Santo (SINEPE-ES)
Fonte: Estadão