Formação e Aperfeiçoamento do Vigilante em risco: impactos para a sociedade

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Ricardo Tadeu Corrêa
Ricardo Tadeu Corrêa

Ricardo Tadeu Corrêa *

18 meses depois do início da pandemia, os impactos sociais e econômicos ainda permanecem causando danos. E com o setor de formação e aperfeiçoamento de vigilantes não foi diferente.

Muitas, no ano passado, ficaram até seis meses sem poder abrir as portas, e quando puderam, voltaram às atividades com metade da capacidade por conta das medidas de segurança sanitária. Os custos? Aumentaram por conta dos protocolos. A renda? Diminuiu ainda mais.

Este é um segmento de base para o exercício da vigilância no país, setor que emprega cerca de 600 mil vigilantes e mais milhares de empregos diretos e indiretos. É o responsável pela atuação correta, dentro da lei, de profissionais que lidam diariamente com o público e que o protege, assim como bens, de várias ocorrências que vão muito além da proteção patrimonial.

Os vigilantes são os responsáveis pela sensação de segurança de shoppings, hotéis, universidades, estádios, casas de show e muito mais. Quem os forma? Empresas de Curso de Formação de Vigilantes. No entanto, não é de hoje que os Centros de Formação sofrem com várias medidas que impactam economicamente suas atividades. Por conta do período em que foram proibidas de funcionar, por exemplo, a cada dois anos as academias sofrerão o mesmo recesso. É que os vigilantes voltam para as salas de aula a cada dois anos quando as reciclagens vencem, como nenhuma vencerá nesse período, as salas ficarão vazias … é como se a cada dois anos, uma nova pandemia acontecesse.

E isso aconteceu a despeito de todos os esforços da ABCFAV – Associação Brasileira de Cursos de Formação e Aperfeiçoamento de Vigilantes em reverter a situação. Mas, infelizmente, nem todos os Sindicatos Estaduais de Segurança do país juntaram-se a esses esforços. Apesar de esses sindicatos representarem todo o setor de segurança privada, do qual a categoria curso de formação faz parte, alguns não se sensibilizaram com a nossa causa tanto quanto fizeram pela vigilância.

Com as reciclagens vencidas, os vigilantes ficaram impossibilitados de voltar à atividade, isso sem contar a falta real do treinamento no dia a dia desses profissionais, pois parte deles só recebe orientações e chance de aprimoramento justamente nas reciclagens exigidas por lei. As 200 horas de formação e as 50 horas de aprimoramento a cada dois anos são o mínimo necessário para sua atuação, mas a verdade é que todo profissional quanto mais for treinado, melhor ficará em sua atividade. E o vigilante hoje é demandado em uma série de funções adicionais ao que foi originalmente estipulado, quando da promulgação da lei que rege o setor, a 7102/83.

Hoje, vivemos o tempo do Vigilante Concierge, aquele a quem o público procura para uma infinidade de dúvidas sobre o empreendimento, o evento ou situações do momento. O Vigilante inspira confiança em qualquer lugar e por isso ele precisa dominar todas as técnicas de proteção e segurança, mas também ter habilidades sociais. Ficaram para trás todos os estereótipos referentes a pessoas suspeitas. Agora, são as atitudes suspeitas que merecem a atenção. O Vigilante precisa estar preparado para interagir com todo o tipo de público, sem preconceitos, reservas ou estigmas. Ele está ali para servir e proteger. E a missão de passar essa visão humanista cabe, principalmente, às Academias de Formação.

E tudo isso ainda seria considerado inerente ao negócio se, pelo menos, os serviços de formação e reciclagem dos vigilantes fossem vistos com a relevância que realmente têm perante o mercado de segurança. Se as empresas de vigilância do país percebessem que dependem diretamente da qualidade da formação dos seus profissionais e valorizassem esse trabalho, todas as dificuldades citadas seriam simplesmente parte do negócio. Existe no meio a ideia que treinar vigilantes é custo e não investimento. Enquanto esse olhar perdurar, o mercado nunca deixará de ser uma commodity.

De 19 a 28 de outubro, a ABCFAV irá realizar o IX ENEFAV – Encontro das Escolas de Formação e Aperfeiçoamento de Vigilantes, em versão virtual, e discutirá amplamente todos esses temas. Venha participar e saber mais sobre as questões que impactam diretamente o mercado de vigilância e colaborar com a sua visão. Mais informações em: www.abcfav.com.br

Ricardo Tadeu Corrêa, Presidente da ABCFAV – Associação Brasileira de Cursos de Formação e Aperfeiçoamento de Vigilantes

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