Serviços se recuperam da pandemia, mas problemas crônicos persistem

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Laércio Oliveira
Laércio Oliveira

Dados do IBGE mostram que volume de serviços fechou 2021 com avanço recorde

Por Laércio Oliveira

O tombo foi pesado, mas, aos poucos, o setor de serviços brasileiro tenta reerguer-se. Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no início deste mês mostram que, em 2021, o volume de serviços fechou com avanço recorde de 10,9%, compensando as perdas do ano anterior, quando a retração foi de 7,8%.

Reconstruir as bases após as perdas pesadas provocadas pela pandemia do novo coronavírus ainda é um trabalho de longo prazo, mas os primeiros passos estão sendo dados. E é bom que eles estejam acontecendo, porque o país necessita retomar essa jornada se quiser voltar a ser competitivo economicamente. E superar só o presente não adianta. O setor sofre com problemas crônicos antigos que impactam em nosso desenvolvimento.

A dependência é explícita: 70% do Produto Interno Bruno (PIB) vem do setor de serviços. Quando esse ramo da economia funciona bem, empregos e renda são gerados para população, que ainda se sente beneficiada pelas ofertas de produtos a ela oferecidos. Um ciclo virtuoso onde todos ganham.

Contra números, não há argumentos. No ano passado, o setor foi o que mais gerou empregos, com 1,22 milhão de novos postos de trabalho criados, de acordo com dados do Caged, divulgado pelo Ministério do Trabalho e Previdência. Esse montante representa quase a metade dos 2,73 milhões de novos empregos com carteira assinada no país em 2021.

A retomada tem sido linear e foi verificada nas 27 unidades da Federação. Mas os Estados que mais se destacaram foram São Paulo (11,5%), Minas Gerais (14%), Rio de Janeiro (7,3%), Rio Grande do Sul (12,1%) e Santa Catarina (14,7%).

Se o setor de serviços empurra o Brasil para frente, o Nordeste continua sendo a locomotiva, mesmo com os recortes apresentados acima. O Banco Central apostou na região como a grande propulsora da retomada dos consumos das famílias, especialmente no setor de turismo, nossa natural vocação por conta das riquezas naturais que nos apaixonam diariamente.

Que bom que os números estão melhorando. A principal razão é o avanço da vacinação, responsável por estancar o avanço da pandemia, que solapou o setor de serviços nos últimos dois anos. Mas não podemos dar as costas para todas as dificuldades enfrentadas historicamente.

Quando se fala em competitividade, todos tendem a associar ao universo das grandes exportadoras brasileiras. Mas o setor de serviços é o que dialoga de maneira mais próxima com a população. Das grandes redes de hotéis até a pousada simpática na pequena cidade do litoral ou do interior; do restaurante com estrela no guia Michelin ao self service de comida caseira que alimenta multidões no cotidiano. Do gigante ao humilde, prontos para atender as pessoas.

Mas até chegar no cidadão, uma longa e muitas vezes esburacada estrada precisa ser percorrida. E a placa do Custo Brasil, com todos os seus fantasmas, surge para assombrar quem deseja empreender. Abrir o próprio negócio é uma tarefa morosa e burocrática. O custo do crédito é alto, o que pode fazer com que muitos desistam à beira do caminho.

O Brasil apresenta problemas de infraestrutura, o que pode atrasar a chegada de insumos para abastecer as prateleiras. As oscilações de energia, muitas vezes adquiridas a preços exorbitantes, impactam muitas vezes nas expectativas de sucesso.

A mão-de-obra também é outro problema. Simpatia e atenção sempre serão importantes, mas educação e qualificação dos profissionais são ferramentas essenciais no atendimento ao consumidor e o Brasil, infelizmente, ainda claudica nesse campo.

A imunização fez com que o setor de serviços voltasse a se recuperar da queda provocada pela Covid-19. Mas a âncora do Custo Brasil, materializada em nossos problemas estruturais, amarra nossas pernas no salto para a competitividade. O Brasil precisa avançar se quiser confirmar sua vocação de grandeza.

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