Diniz lembra que a tributação do setor de serviços, no Brasil, é alta. E que se o governo resolver taxar ainda mais as empresas, acabará matando a ‘galinha dos ovos de ouro’ da economia
O Brasil elegeu, democraticamente, um novo presidente: Luiz Inácio Lula da Silva. Agora, os setores produtivos da economia – especialmente o Setor de Serviços – observa os sinais de como será esta nova gestão de Lula, e do Partido dos Trabalhadores (PT), à frente da décima economia mundial. A inquietação por parte das entidades patronais e empresários tem suas razões. De acordo com o presidente da Cebrasse, o empresário João Diniz, as perspectivas sobre geração de emprego, melhoria de ambiente de negócio, acesso de crédito, controle fiscal, e todos estes itens, não está sendo a melhor possível.
“Porque existem dois tipos de PT: o que deu início a primeira gestão Lula em 2002, que foi muito bem direcionado, voltado para o mercado, com ícones como Henrique Meireles, como o Luiz Fernando Furlan, com petistas que tinham um bom relacionamento com o empresariado, era o caso do Antônio Palocci, e, agora, o recado que ele está dando é o contrário, que o que está chegando é o PT da Dilma, o PT que deu errado, o partido de excesso de gastos, é o PT do excesso da máquina pública, do inchaço de funcionalismo, o PT da má gestão, então, infelizmente, se ele não mudar esse rumo, que ele está dando nas entrevistas e conversas, as coisas não vão caminhar bem”, avaliou Diniz.
Para Diniz, a base do novo governo tem dado sinais de que os caminhos do Partido – e, por consequência, do governo – será mais à esquerda, diferente da primeira gestão. “Quando ele (Lula) seguiu a política do Getúlio Vargas de ‘pai dos pobres, mas mãe dos ricos’. Quando ele conseguiu conciliar a justiça social, a assistência – como certos exageros aos olhos de alguns, mas que eu acho necessário – com a economia de mercado. Agora, não. Ele só está falando em gastar e não tem falado muita coisa sobre como vai se dar a arrecadação. É o PT que fala em estatização, e não em privatização; e, infelizmente, o governo gerindo empresas só tem péssimos exemplos, então, isso é muito mal”, afirmou.
Reforma Tributária
Sobre a expectativa com o anúncio do nome do economista Bernard Appy como secretário especial para a reforma tributária, Diniz explicou as ressalvas do setor sobre o indicado. Appy foi o autor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 45/2019 que tratava da reforma tributária. Depois, ele chegou a opinar sobre a PEC 110, do Senado, que definia como alternativa a transferência de carga tributária da Indústria e dos Bancos para o Setor de Serviços.
“E isso é o que a gente não está admitindo. Ele fala com toda as letras que a taxação do setor de serviços tem que aumentar. Inclusive, o próximo ministro da Economia, Fernando Haddad, fez uma fala ignorante – e sem o mínimo tato – dizendo que serviço tem que pagar mais carga porque serviço tem menos imposto. Isso é uma grande mentira. O setor de serviços paga mais imposto levando em conta todo os encargos da empregabilidade que temos. O nosso setor é, em sua maioria, massivamente empregador, e eles, nos cálculos de tributos, não contam com a massa salarial, com encargos e tributos sobre salários, que é massacrante para o Brasil. Nós já demonstramos, inclusive com gráficos, que a nossa carga tributária é até um pouco mais alta que a da indústria, que reclama tanto. Só que a indústria se compensa de tudo; nas fases de produção tem vários setores desonerados, vários setores beneficiados; enquanto serviços tem pouquíssimos desonerados e é altamente empregador. A indústria está cada vez mais mecanizada e robotizada, sistema financeiro, então, nem se fala, praticamente já não existe mais empregados a função de bancário nas agências, e essa é a nossa principal diferença em relação ao projeto do Appy, que está influenciando por ser de origem do berço do petismo, mas que fez um projeto direcionamento em primeiro lugar a indústria e em segundo lugar os bancos”, explicou.
Sobre as previsões do crescimento do PIB em 2023, Diniz que é algo relativo. “As previsões de início de ano era negativo e hoje deve fechar um PIB na casa de crescimento de 2,5%. Os economistas são useiros e vezeiros em errar. Agora, tem que ver outros aspectos, que se for o PIB em um governo que gasta mais do que arrecada, que é estatizante, que incha a máquina de funcionalismo público, que taxa o setor que mais cresce, que mata a galinha de ovos de ouro, realmente não tem o que dar certo, o PIB realmente não vai crescer, alertou.