Volume e receita das atividades de serviços registram expansão, com destaque para Aluguéis não imobiliários, Alojamento e Transporte
No primeiro trimestre de 2023, o setor de serviços demonstrou um desempenho positivo, impulsionado por diferentes segmentos. De acordo com a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tanto o volume quanto a receita das atividades de serviços apresentaram crescimento significativo em comparação com períodos anteriores.
No que diz respeito ao volume de serviços, houve um aumento de 11,8% em março de 2023 em relação ao mês anterior. Entre as atividades que se destacaram nesse período, podemos citar os “Outros serviços prestados às famílias” (+23,2%), “Outros segmentos do transporte terrestre” (+20,2%), “Transporte rodoviário de cargas” (+19,8%) e “Transporte aéreo” (+18,5%).
Quando comparado com março de 2022, o volume geral das atividades de serviços cresceu 6,3%. Nesse caso, destacaram-se os serviços de “Aluguéis não imobiliários” (+25,7%), “Outros serviços não especificados” (+15,5%) e “Transporte rodoviário de cargas” (+15,1%).
No entanto, no comparativo entre o volume geral médio do primeiro trimestre de 2023 e o quarto trimestre de 2022, houve uma retração de 7,4% nas atividades de serviços. Nota-se uma diminuição nos serviços de “Serviços audiovisuais, de edição e agências de notícias” (-21,3%), “Serviços técnico-profissionais” (-17,0%) e “Serviços de tecnologia da informação” (-14,9%). Em contrapartida, algumas atividades apresentaram crescimento nesse período, como “Alojamento” (+10,1%), “Transporte aéreo” (+8,1%) e “Telecomunicações” (+4,7%).
No âmbito da receita das atividades de serviços em geral, também ocorreu um aumento de 11,8% em março de 2023 em comparação com o mês anterior. Dentre os setores que tiveram maior destaque nesse período, encontram-se “Outros segmentos do transporte terrestre” (+24,0%), “Outros serviços prestados às famílias” (+23,7%) e “Serviços audiovisuais, de edição e agências de notícias” (+18,7%).
Comparando março de 2023 com março de 2022, a receita das atividades de serviços em geral registrou um crescimento de 11,8%. Nesse caso, os segmentos que mais se destacaram foram “Transporte aéreo” (+35,8%), “Alojamento” (+31,8%) e “Aluguéis não imobiliários” (+29,3%).
Queda na receita dos serviços em geral, com destaque para os serviços audiovisuais e de tecnologia da informação
No comparativo da receita do 1º trimestre de 2023 com o 4º trimestre de 2022, foi observada uma retração de 6,3% nas atividades de serviços em geral. Entre os setores mais afetados, destacam-se os Serviços audiovisuais, de edição e agências de notícias, com uma queda de 18,6%, seguidos pelos Serviços técnico-profissionais (-15,3%), Serviços de tecnologia da informação (-11,9%) e Atividades auxiliares dos serviços financeiros (-11,9%). Por outro lado, algumas atividades apresentaram crescimento nesse período, como Alojamento (+15,7%), Telecomunicações (+4,9%) e outros serviços não especificados (+2,3%).
Já em relação ao 1º trimestre de 2022, o 1º trimestre de 2023 registrou uma expansão de 12,0% na receita dos serviços em geral. Os setores que se destacaram foram Alojamento (+40,9%), Transporte aéreo (+39,5%) e Aluguéis não imobiliários (+32,5%).
No segmento de apoio às atividades empresariais, que engloba principalmente os setores representados pela Cebrasse, houve um crescimento de 9,4% na receita em março de 2023 em comparação com o mês imediatamente anterior. Quando comparado com março de 2022, o segmento registrou uma expansão de 9,7% na receita.
Entretanto, em relação à receita do 1º trimestre de 2023 comparado com o 4º trimestre de 2022, o setor de apoio às atividades empresariais apresentou uma retração de 5,8%. Por outro lado, no comparativo do 1º trimestre de 2023 com o 1º trimestre de 2022, houve um crescimento de 8,4% na receita desse setor.
Esses dados revelam uma queda na receita dos serviços em geral, com destaque para os serviços audiovisuais, de edição e agências de notícias, assim como nos serviços de tecnologia da informação. Por outro lado, o setor de apoio às atividades empresariais apresentou uma expansão em março de 2023, embora tenha registrado uma retração no 1º trimestre de 2023 em comparação com o trimestre anterior.
Encaminhamentos
O levantamento feito pela Cebrasse foi encaminhado ao deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP/PB). O parlamentar já havia participado de uma reunião com líderes do setor de serviços realizada no início do mês na Febrac. No documento foram apresentados vários dados importantes sobre a realidade tributária no Brasil e o impacto da carga tributária nos serviços e mão de obra no Brasil.
De acordo com o levantamento, considerando o potencial do volume de contratação em serviços de mão de obra intensiva, qualquer aumento da carga tributária pode resultar em ajustes por parte das empresas, levando a uma redução no volume de serviços e, consequentemente, na redução de mão de obra.
O Brasil é um dos países que mais tributa salários no mundo, e caso seja considerado um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) de 25%, esse ônus nos serviços será ainda maior. A tabela a seguir apresenta um panorama desse cenário:
Tributação sobre a folha de salários:
Tipo de Contribuição | Porcentagem |
Contribuições patronais | 34,8% |
Contribuições do empregado | 9,9% |
Total | 44,7% |
Com base no salário médio de R$ 2.611,00, apurado em novembro de 2022 pelo IBGE, o custo das contribuições patronais corresponde a 34,8% da remuneração, somando-se aos 9,9% pagos pelo empregado, totalizando 44,7% do salário.
Comparado com o levantamento anual da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o peso da tributação sobre o salário habitual no Brasil está entre os mais elevados do mundo, como mostra a tabela a seguir:
Comparação com países da OCDE:
País | Tributação sobre o rendimento do trabalhador (%) |
Brasil | 44,7% |
Média OCDE | 34,6% |
Imposto de Renda | 13,0% |
Contribuições do empregado | 8,2% |
Contribuições do empregador | 13,5% |
No Brasil, a tributação de 44,7% sobre o salário é composta por 1,4% de Imposto de Renda, 8,5% de contribuições do empregado e 34,8% de contribuições do empregador. Vale ressaltar que, na lista dos países da OCDE, o maior ônus imposto às empresas atinge 26,6% na França.
“Esses dados evidenciam o impacto da carga tributária nos serviços e na mão de obra no Brasil, indicando que qualquer aumento nesse cenário pode levar a ajustes por parte das empresas, resultando em redução de serviços e mão de obra. A tributação sobre os salários no país se destaca entre as mais altas do mundo, em comparação com a média dos países da OCDE”, ressaltou o presidente da Cebrasse, João Diniz.
Informações constam no relatório ‘Variações do volume e receita das atividades de serviço’, de março de 2023