Líderes do setor de serviço analisam a queda do desemprego no trimestre encerrado em agosto

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João Diniz, presidente da CEBRASSE
João Diniz, presidente da CEBRASSE

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a queda do desemprego no trimestre encerrado em agosto foi impulsionada pelo aumento da ocupação em várias atividades, sem a identificação de fatores específicos como juros ou crédito que influenciaram esse cenário. A Pesquisas por Amostra de Domicílios do órgão destacou que a taxa de desemprego atingiu 7,8%, a menor desde fevereiro de 2015, enquanto o número de pessoal ocupado aumentou para 99,7 milhões, representando um aumento de 1,3% em relação ao trimestre anterior.

O IBGE ressaltou que a diminuição do desemprego está ligada a um crescimento do número de trabalhadores em diversas áreas, incluindo tecnologia da informação, administração pública e serviços domésticos. No entanto, ela não conseguiu apontar fatores macroeconômicos específicos que explicaram esse desempenho. A coordenadora também observou que o mercado de trabalho se comportou de acordo com o padrão sazonal pré-pandemia, com melhora ao longo do ano.

Além disso, de acordo com a pesquisa, três setores – informação, comunicação e atividades financeiras; administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana; e serviços sociais e serviços domésticos – foram responsáveis por cerca de 70% do aumento da ocupação no trimestre encerrado em agosto, enquanto outros setores tiveram estabilidade estatística. O destaque foi para tecnologia da informação, serviços financeiros e administrativos, administração pública e serviços domésticos na geração de empregos.

Para o presidente da Central Brasileira do Setor de Serviços (Cebrasse), o empresário João Diniz, é fundamental destacar que que boa parte desses resultados são frutos de uma política econômica adotada nos últimos anos, com privatizações e instrumentos legais que melhoraram o ambiente de negócios. Já a área de tecnologia da informação, na visão de Diniz, é uma área de grande crescimento e está sendo cada vez mais usada em automação, para ele é a troca dos serviços menos qualificados, braçais por serviços que demandam de maior formação, com sistemas de trabalho, em boa parte, que fogem das regras da CLT.

“De qualquer forma uma boa notícia que espelha os caminhos mais abertos e menos engessados que o mercado está descobrindo para fugir das amarras improdutivas e burocráticas de um modelo ultrapassado. Educação, principalmente na preparação dessas qualificações e mudanças e serviços sociais e domésticos, dentro de uma política de valorização de bem estar e qualidade de vida, é um novo modelo pós-pandemia, que estamos vivendo em busca muito mais do ser em detrimento só ter”, afirmou.

Já o presidente do Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação do Estado de Minas Gerais (Seac/MG), Renato Fortuna, acredito que devido baixa de juros e, também, as negociações de crédito feito pelo governo, voltou a ser ofertado crédito ao consumidor e com esse aumento de financiamento ao consumidor é uma consequência natural a geração de novos empregos, principalmente a área de tecnologia, algo que vem acontecendo desde a digitalização de documentos até a mudança de processos e etapas nos locais de trabalho.

Renato Fortuna, presidente do Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação do Estado de Minas Gerais (Seac/MG)
Renato Fortuna, presidente do Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação do Estado de Minas Gerais (Seac/MG)

“As inovações tecnológicas estimularam a contratação, particularmente no período pós-pandemia. É relevante destacar que, após a superação dessa crise, diversos setores econômicos retomaram o crescimento, incluindo serviços de conservação e empregos. Observa-se uma estabilidade nesse segmento, com um aumento modesto, tendendo mais para uma situação estável do que um aumento expressivo. É importante notar que demissões neste setor podem representar um sério risco para nossa indústria, que é fortemente dependente de mão de obra. Isso ocorreria caso a atual proposta de reforma tributária, em discussão no Senado, não sofra modificações. O aumento substancial da carga tributária seria prejudicial para ao nosso setor”, avalia Fortuna.

Vander Morales, presidente do Sindicato das Empresas de Prestação de Serviços a Terceiros, Colocação e Administração de Mão de Obra do Estado de São Paulo (Sindeprestem)
Vander Morales, presidente do Sindicato das Empresas de Prestação de Serviços a Terceiros, Colocação e Administração de Mão de Obra do Estado de São Paulo (Sindeprestem)

A avaliação do presidente da Vander Morales, presidente do Sindicato das Empresas de Prestação de Serviços a Terceiros, Colocação e Administração de Mão de Obra do Estado de São Paulo (Sindeprestem) e da Federação Nacional dos Sindicatos de Empresas de RH, Trabalho Temporário e Terceirizado (Fenaserhtt) é que as expectativas e projeções sobre o Produto Interno Bruto (PIB) estão crescendo. Ele relembrou que começou com 0,8 passou para 2,9 e, agora, e pode fechar o ano em 3,5%. Morales acredita que isso é em função do controle da inflação e com os juros caindo, obviamente, esse cenário é de crescimento e ele pode persistir ou pode se estabilizar, desde que o governo também cumpra a meta fiscal.

“É tentar zerar o rombo das contas públicas para o próximo ano. E a economia agora, no segundo semestre, sempre cresce em função das vendas de Natal. Tanto na indústria como no comércio, e, em decorrência disso, há a contratação de trabalhadores temporários. Então isso deve resultar em um incremento maior no número de contratações até dezembro, sendo que primeiro para indústria nesse período, em um cenário que vai até meados de novembro. Depois começam as contratações para o comércio, para dar vazão. Eu vejo isso como positivo. É o aumento do emprego do setor de serviço, que ainda não está sofrendo impacto de aumento de carga tributária. Mas a reforma tributária prevê um aumento de carga para o setor, e isto deve ser um alerta para as autoridades que que estão formulando a reforma tributária: de que o setor de serviço ainda é o grande é o grande indutor do emprego formal no país e que precisa ser olhado com carinho, porque senão pode prejudicar sensivelmente as contratações no próximo ano. É um setor, para o cenário do emprego formal, que tem que ser preservado. E a reforma tributária tem o dever e obrigação de olhar essa peculiaridade e a forma de preservar esses empregos formais para o futuro”, concluiu.

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