Debates sobre os benefícios, riscos e limites da Inteligência Artificial (IA) têm sido uma constante no mundo contemporâneo, cada vez mais conectado e interligado. Para um dos entusiastas da IA, o cientista da computação, Andrew Ng, ela será a eletricidade do século XXI, pela sua capacidade de gerar profundas transformações em todos os setores da sociedade. Hoje, já temos alguns exemplos da sua utilização na indústria, agricultura, varejo, economia, mobilidade (os carros autônomos são bons exemplos) e, claro, na área da saúde. Mas, afinal, o que é IA?
De forma bastante genérica, podemos definir IA como um avanço tecnológico que permite que sistemas e algoritmos, baseados em um enorme banco de dados, simulem uma inteligência similar à humana. Com isso, máquinas e dispositivos eletrônicos passam a ser capazes de realizar tarefas antes restritas às pessoas.
A exemplo da União Europeia, que em dezembro do ano passado aprovou a regulamentação da IA na região, no Brasil o Projeto de Lei (PL) 2338/2023, de autoria do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), objetiva estabelecer balizas para o desenvolvimento e a aplicação de sistemas de inteligência artificial. Alguns desafios éticos e morais no uso da IA realmente precisam ser discutidos e vencidos, e a expectativa é que a aprovação de uma legislação possa ajudar nesse processo. Cito alguns exemplos, como a privacidade e segurança dos dados, a responsabilidade, os impactos nos postos de trabalho até a fiscalização de uma eventual superinteligência.
Como o mercado tem sua própria dinâmica, que quase sempre se antecipa às regulamentações, a IA já vem sendo utilizada por algumas organizações de saúde para melhorar a gestão e a assistência aos pacientes. Alguns hospitais, por exemplo, já a utilizam com bons resultados operacionais e com melhorias na experiência do paciente. Algoritmos, ao analisarem exames, já identificam – em algumas organizações – quais pacientes nos prontos-socorros correm mais riscos cardíacos, de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou de problemas como pneumonia, nódulos e derrame pleural, permitindo uma assistência mais rápida. Na administração, a IA tem auxiliado na gestão de leitos e centros cirúrgicos, a calcular a probabilidade de ausência do paciente em exames agendados, o chamado “no-show”, enfim, a melhorar os resultados da instituição. Estes são apenas alguns poucos exemplos.
Atentos a essa realidade, a Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde) e o SindHosp promoverão, no mês de maio, no Espaço Arena da feira Hospitalar, o Fórum Brasil Saúde 2024, com o tema “A Inteligência Artificial na Saúde”. Na ocasião, profissionais que lideram o desenvolvimento e a aplicação da IA no país irão debater a sua aplicabilidade, a importância da segurança dos dados, de um banco de informações robusto, cases serão apresentados, aspectos éticos e legais discutidos e o futuro da IA também fará parte dos debates.
Um dos maiores físicos da história, Stephen Hawking, acreditava que a IA era a maior conquista da humanidade, mas que, também, poderia ser a última. Trazer para o centro das discussões esse tema tão atual é de suma importância para que a IA possa beneficiar um maior número de pessoas e que seja aplicada com ética, transparência, limites e controle, sempre.
Francisco Balestrin
Presidente da Fehoesp e do SindHosp