Cidades que ignoram a natureza estão fadadas a desmoronar com o próprio concreto que as sustenta

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As cidades brasileiras caminham para um ponto de inflexão. A pressão das mudanças climáticas, combinada com a escassez de recursos e a necessidade de requalificação urbana, exige que a construção civil reveja seus paradigmas. Nesse contexto, as estratégias baseadas na natureza surgem como soluções inovadoras e regenerativas.

O que são estratégias baseadas na natureza na construção civil?

Essas práticas reintroduzem a natureza como base para o planejamento de construções, edifícios e cidades. Inspiradas no funcionamento dos ecossistemas naturais para melhorar a eficiência energética, o conforto térmico, telhados verdes, fachadas vegetadas e sistemas naturais de drenagem não são só tendências estéticas, promovem conforto térmico, melhoram a qualidade do ar e reduzem o impacto das chuvas.

A lógica é simples, mas revolucionária: em vez de combater a natureza com concreto em cima de concreto, extinguindo qualquer vestígio de vida ou natureza, incorporamos seus mecanismos para gerar eficiência e resiliência. Soluções como jardins de chuva e pavimentos permeáveis, por exemplo, aumentam a capacidade de infiltração da água no solo, ajudando a evitar enchentes e promovendo a recarga dos aquíferos. Paredes verdes reduzem a temperatura nos centros urbanos, combatendo o efeito de ilha de calor que agrava doenças respiratórias e eleva o consumo energético.

Essas intervenções ganham corpo em diversas cidades do país: 

  • Em São Paulo, telhados verdes estão sendo adotados em escolas e equipamentos públicos, melhorando o microclima local. 
  • Curitiba dissemina jardins de mel para estimular a biodiversidade urbana.
  •  Salvador revitalizou o Parque Pedra do Xangô com 90% de materiais naturais, unindo tradição, cultura e sustentabilidade.

Mais do que medidas isoladas, essas soluções precisam estar conectadas a políticas públicas, legislações urbanas e certificações ambientais. Ferramentas como o LEED e o GBC Brasil Casa reconhecem e valorizam projetos que integram infraestrutura verde à arquitetura, criando um novo padrão para construções de baixo impacto e alto desempenho.

Estas sugestões também são possíveis para o “retrofit sustentável” de edificações antigas já existentes.

O desafio agora é de escala. Precisamos acelerar a integração dessas estratégias nos planos diretores, nos códigos de obras e nas metas de sustentabilidade das cidades. Para isso, é essencial fomentar o diálogo entre arquitetos, engenheiros, gestores públicos, empreendedores e a sociedade civil.

A cidade que aprende com a floresta não apenas sobrevive às mudanças climáticas, mas prospera com elas. E isso começa com a decisão de construir de forma mais sensível, integrada e regenerativa.

Vamos juntos promover uma urbanização que respeita, valoriza e aprende com a natureza. Envie um e-mail para livio@liviogiosa.com.br, e falemos sobre as soluções sustentáveis para nossas cidades.

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Lívio Giosa
Coordenador Geral do IRES – Instituto ADVB de Responsabilidade Socioambiental | Presidente do Conselho do CNDA – Conselho Nacional de Defesa Ambiental | Presidente do CENAM Centro Nacional de Modernização Empresarial

Fonte: https://www.linkedin.com/pulse/cidades-que-ignoram-natureza-est%C3%A3o-fadadas-desmoronar-l%C3%ADvio-giosa-izyaf/

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