COMO GERIR AS
MUITAS DÚVIDAS SOBRE DURAÇÃO E
INTENSIDADE DO “ISOLAMENTO SOCIAL”?
Lideranças do setor de serviços
dizem como estão lidando com suas incertezas diárias sobre
a Covid-19
De
repente, foi como se um cronômetro invisível, como aqueles
dos filmes, ecoasse dia e noite um assombroso tic-tac
para lembrar aos empresários que o atual período de pandemia
dificilmente terá seus efeitos neutralizados nos boletos,
Darfs, Darms, holerites e tantos outros compromissos a
cumprir. Não
por acaso, as medidas paliativas anunciadas até aqui pelo
governo tiveram, invariavelmente, a contagem de prazos como
fator principal, tanto nas questões trabalhistas quanto
naquelas relacionadas ao recolhimento de
tributos. Além
da enorme imprevisibilidade de quando e como tudo isso vai
terminar, algumas lacunas já começam a se tornar gritantes. Na
semana passada, por exemplo, após três dias seguidos de
isolamento social de 48%, ou seja, índice dois pontos abaixo
da meta mínima agora defendida pelo governo local, novamente
tornou-se dúvida em São Paulo o início da flexibilização
gradual, inicialmente previsto para 8 de maio, visando
amenizar as medidas colocadas em prática a partir de 24 de
março, nos 645 municípios paulistas. Em
segmentos específicos como o da educação, existe ainda a
necessidade de sincronismo entre a volta às aulas e o
retorno de outras atividades, “por uma questão eminentemente
de segurança, já que os pais temem deixar seus filhos com
pessoas desconhecidas, quando não há alguém da família em
casa”, exemplifica Augusto Pellucio, presidente do Sindicato
dos Estabelecimentos Particulares de Ensino de Rondônia –
SINEPE-RO. “Tem
sido uma incerteza enorme, a cada dia surge uma notícia
nova, pois estamos sempre reféns do número de vítimas”,
constata José Jacobson, presidente da Associação Brasileira
das Empresas de Vigilância – Abrevis, cujo segmento já vive
uma retração de 15%. “Melhor
seria termos no Brasil um sincronismo nas ações dos governos
federal, estaduais e dos municípios”, acrescenta o
empresário, lamentando que os interesses políticos estejam
sobrepujando os resultados científicos práticos, tão
importantes num momento assim. Percepção
semelhante tem Thiago Santana, presidente da Associação
Brasileira de Facilities – ABRAFAC. “No mínimo,
precisaríamos ter primeiro uma unicidade de discurso e,
segundo, total confiança nos números oficiais”, defende. O
viés político dado a uma questão de saúde pública tão grave
ele considera responsável pela guerra de informações que tem
tornado tudo muito nebuloso e ainda mais incerto, o que tem
levado sua entidade a se esforçar ao máximo para compreender
a extensão real do problema, e assim melhor orientar seus
associados. “É
importante que haja união entre todos os representantes do
poder público para que as empresas possam ter maior
previsibilidade nas tomadas de decisão, pois qualquer
indefinição gera insegurança a todos”, concorda David James,
presidente da Associação Brasileira do Mercado de Limpeza
Profissional – ABRALIMP. Segundo
ele, sua entidade tem procurado atenuar essa realidade
envidando esforços para informar sua base da melhor forma
possível sobre como atuar hoje em dia, por meio do portal
Higiplus, e também com um manual sobre procedimentos
corretos de higiene e limpeza a serem adotados na tão
esperada retomada no comércio e na indústria. Tais
providências se complementam com uma série de lives e a
liberação de acesso gratuito aos cursos on-line da
UniAbralimp. Trabalho
educativo é o que também não tem faltado na Abrevis, focando
temas como abastecimento de EPI’s, notícias técnicas assim
como legislação trabalhista, tributos e economia, assegura
Jacobson. O
mesmo ocorre na ABRAFAC, onde aspectos como a correta
manutenção dos sistemas de refrigeração e ar condicionado
nos condomínios têm se destacado, juntamente com a adoção
das melhores práticas para evitar a proliferação do novo
coronavírus nos ambientes de trabalho. Paralelamente,
a associação comandada por Santana está preocupada com a
saúde financeira de suas representadas. “Neste sentido,
estamos buscando uma troca intensa de informações entre os
agentes do mercado para buscar, em conjunto, soluções de
apoio para a crise, o que envolve prorrogação de prazos de
pagamento, mudanças de logística de distribuição e compra de
materiais, entre outros”, relata. FUTURO Contudo,
a existência de tantas indefinições pairando no ar não
impede que macrotendências já sejam antecipadas pelos
players do setor de serviços. Para
o presidente da Abrevis, por exemplo, a Covid-19 colocou
pobres e ricos, países poderosos e subdesenvolvidos no mesmo
patamar. “Ficamos todos de joelhos, subjugados por esta
pandemia”, reconhece Jacobson. Isto,
segundo ele, não impedirá que todos saiam desta crise com
mudanças profundas. “A Segurança Privada deverá acompanhar
toda essa evolução por um mundo melhor”, prevê. No
médio prazo, Thiago Santana resume tal metamorfose coletiva
como “um novo normal”, presente em diversos campos das
relações humanas. O setor de serviços, por demandar o uso
intenso de mão de obra, também tende a se transformar, na
visão do líder setorial. Muitos
dos comportamentos preventivos atuais, por exemplo, ele
acredita que acabarão se incorporando às práticas cotidianas
de todos. “O uso de máscaras e a higienização de mãos
deverão fazer parte deste novo normal”, exemplifica o
presidente da ABRAFAC. Esta
nova realidade ele acredita que também venha a modificar
toda a cadeia de suprimentos, estoques e a gestão de
resíduos em todas as organizações, “mas só mesmo o tempo
poderá ser capaz de dizer a profundidade exata de tantas
transformações”, reconhece Santana “A
CEBRASSE acompanha de perto toda essa movimentação, e
continuará firme em suas gestões junto a estados, municípios
e União, para que o nosso setor, justamente o que mais gera
empregos e responde pela maior parcela do Produto Interno
Bruto (PIB) não saia irremediavelmente arranhado deste
momento crucial, que promete afetar o futuro de todo o
planeta”, intervém o presidente da entidade, João Batista
Diniz. Por
Wagner Fonseca |