A quarta matéria da série sobre como os setores estão se comportando durante a pandemia é com o Sindeprestem (Sindicato de Prestação de Serviços Terceirizados e de Trabalho Temporário no Brasil), que está atuando nesse período como suporte de serviços essenciais, logística, acesso de portaria e outros. Alguns setores como Poupatempo está suspenso. A queda de faturamento vai de zero a 20%, a depender da atividade.
O sindicato fez uma convenção coletiva emergencial para fazer suspenção de contrato e a adaptação de redução de jornada e salário, além de combinar um parcelamento de indenização. “Infelizmente muitas empresas optaram por demitir porque o governo demorou muito para apresentar a Medida Provisória, mas o que esteve ao nosso alcance para preservar os empregos, nós fizemos”, afirma o presidente do Sindeprestem, Vander Morales.
Vander afirma que as empresas que suspenderam contratos estão preocupadas com o prazo que ficarão sem funcionar porque mesmo sem pagar os salários, continuam pagando os benefícios. Outra preocupação é que os créditos para as empresas não chegaram. “Tem que ter ajuda do governo”, diz.
Ele falou ainda sobre o adiamento dos impostos foi muito curto e precisa ser revisto. “A partir de julho vamos ter um estrangulamento, porque teremos que pagar em dobro. Se não houver uma revisão disso, muitas empresas não vão conseguir suportar”, avalia Vander, lembrando ainda que não houve adiamento de impostos estaduais e municipais, somente os federais.
Vander acredita que em comparação com outros países, as medidas de ajuda às empresas no Brasil durante a pandemia foram muito tímidas. “Não diminuiu a carga tributária, não desonerou a folha como outros países fizeram. Quem está pagando a conta é a iniciativa privada. As empresas que continuaram operando aumentaram seus custos com a compra de máscaras, álcool e produtos de limpeza, além de treinamento. Acredito que o Brasil vai ter que ter um novo refiz tributário e trabalhista”.
O presidente do Sindeprestem avalia ainda que as medidas adotadas pelos governos no Brasil não são compatíveis com a estrutura econômica do país. “Não dá para fazer com o Brasil o mesmo que em um país rico e bem menos populoso como a Nova Zelândia. Nós temos dimensões continentais, concentração de renda, muita gente sem acesso ao mínimo como saneamento básico, grande quantidade de trabalhadores informais. ou seja, somos um país pobre com leis de países ricos”, avalia.
Outro problema que ele vê nesses tempos de pandemia é a polarização política que muitas vezes não possibilita que se avalie se as decisões são técnicas ou meramente políticas, especialmente porque governadores de alguns estados querem ser candidatos a presidente.
Mesmo diante de todos esses problemas, o presidente do Sindeprestem acredita que os empresários estão fazendo a parte deles e que no seu setor ninguém está “jogando a toalha”. “A maior parte dos empresários estão lutando”, conclui.