O presidente Jair Bolsonaro publicou no DOU (Diário Oficial da União) da última quarta, 28, a Medida Provisória que institui o programa que permite às empresas reduzir a jornada e os salários de seus funcionários como forma de enfrentamento à crise causada pela pandemia do novo coronavírus. “A MP tem duração de somente quatro meses, mas não sei se nesse período vai ser o suficiente para a nossa economia estar equilibrada novamente”, afirma o presidente do Seac-SP, Rui Monteiro.
De acordo com Rui, para o setor de limpeza a MP já saiu tarde porque as empresas não conseguiram segurar a mão de obra durante quatro meses praticamente sem ter ido um apoio do governo. “Nós encerramos o ano de 2020 com vários funcionários afastados por conta de reduções dos quadros de limpeza. Algumas empresas, inclusive decretaram falência”, disse.
Rui afirmou ainda que muitas empresas deixaram os funcionários em suspensão com a expectativa de que no início deste ano tivesse uma retomada da economia. “No final do ano passado, os números da pandemia estavam reduzindo, estava todo mundo otimista para 2021, mas infelizmente o ano já começou ruim, com casos do vírus subindo de uma forma absurda, tanto de casos quanto de mortes”.
Rui observou ainda que desde janeiro havia mão de obra sobrando e as empresas deram férias em janeiro e colocaram os funcionários em licença ou com banco de horas em fevereiro. “Ou seja, queimou tudo o que ela podia, todos os cartuchos que ela tinha no bolso para não demitir, mas infelizmente, de março para abril não teve mais como segurar”, explicou.
“Minha própria empresa teve que demitir muita gente porque não tinha expectativa. Infelizmente essa segunda onda do vírus veio muito forte e aqueles clientes que tinham feito cortes, os que fecharam as portas ou que tinham determinado reduções, não estão animados para fazer nenhuma contratação”, disse Rui Monteiro.
O presidente do Seac-SP lamenta a situação lembrando que as empresas não querem demitir, porque a demissão custa caro. “Elas tentam manter o funcionário de alguma forma para tentar conseguir novos postos de trabalho, fechar novos contratos. Mas infelizmente não foi isso que aconteceu neste início de ano”, observou.
Rui Monteiro acredita que se a MP tivesse sido publicada no início de março, muitas demissões teriam sido evitadas. “De qualquer forma, fico feliz por ela ter saído pelo menos agora. Vamos torcer que nesses quatro meses em que a MP estiver em vigor, o Brasil consiga vacinar muitas pessoas e que consiga reduzir o número de casos de covid e de mortes”, concluiu.