Em entrevista exclusiva a Cebrasse News, o presidente do Rotary Club de São Paulo, Livio Giosa, que também é diretor de Relações Institucionais da Cebrasse fala sobre seus planos à frente do maior clube de São Paulo e segundo maior do Brasil. “Estamos em plena comemoração do centenário, que começou em fevereiro deste ano e vai até fevereiro do ano próximo, 2025. E a história do Rotary é de grandes realizações para São Paulo. Uma das comemorações será a plantação de 1.000 arvores na cidade”, disse.
De acordo com Lívio, serão realizados diversos eventos ainda na pauta de de meio ambiente, a exemplo do Fórum de Sustentabilidade, que acontecerá em 17 de setembro. “Esse é um grande evento para discutir com os vários players a questão da sustentabilidade no Brasil e no mundo”, disse.
Lívio afirmou ainda que promoverá em novembro debate sobre os problemas nacionais e especialmente as questões da economia. “Vamos fazer também vários projetos internacionais de intercâmbio com outros clubes, especialmente nos Estados Unidos e Portugal. Temos uma agenda grande de atividades incorporadas ao centenário do Rotary. E eu espero que a gente possa deixar aí um grande legado, para o clube, para os associados”, disse.
Confira os melhores momentos dessa entrevista exclusiva do novo presidente à Cebrasse News:
CEBRASSE NEWS – O Rotary de São Paulo comemora seu centenário. Fale um pouco sobre essa história.
LIVIO GIOSA – O Rotary Clube é uma grande instituição internacional, é a maior ONG de voluntários do mundo, que está presente em todos os países globalmente. Estamos em plena comemoração do centenário, que começou em fevereiro deste ano e vai até fevereiro do ano próximo, 2025. E a história do Rotary é de grandes realizações para a cidade de São Paulo e algumas que são extremamente expressivas, como a criação do Colégio Rio Branco, que é um dos maiores colégios aqui da capital, das Faculdades Rio Branco, da Escola de Ensino Profissionalizante, da Escola de Surdos, do Centro de Ensino Profissionalizante.
Por isso, o nosso clube criou até uma fundação que é quem faz a governança de todas essas atividades. Portanto, o Rotary Club de São Paulo é reconhecido e a grande responsabilidade nossa é exatamente manter essa imagem de grandes realizações para a cidade, para o Brasil e na nossa referência internacional. E, além disso, trazer mais benefícios para a sociedade dentro do nosso lema, que é dar de si antes de pensar em si.
CN- Fale um pouco sobre os pilares do Rotary Club.
LG- A nossa ação está baseada em três grandes pilares: O pilar do relacionamento, do companheirismo. O pilar das atividades profissionais e da troca de experiências, gerando um grande networking. E o terceiro grande pilar, que são os projetos humanitários, tanto em nível local quanto em nível global, estabelecendo aí um grande impacto das atividades de Rotary. E só para deixar aqui um exemplo internacional, reconhecido mundialmente, é que o Rotary Club, mundialmente e através de todos os clubes do mundo, é o grande provedor da irradicação da poliomielite no mundo.
É a maior ação de intervenção de uma instituição no sentido de erradicar totalmente. Os números são, assim, 99,99% já erradicados. Só sobraram uma ou duas cidades, um ou dois casos na África. E, aqui no Brasil, a grande ação sobre a pólio é restaurar a disciplina das famílias em tomarem as vacinas, as crianças tomarem a vacina, coisa que desaqueceu nos últimos cinco anos e o Rotary aqui no Brasil e São Paulo especialmente, o nosso clube em especial, desenvolve uma ação muito grande na questão da erradicação da poliomielite e um grande programa sobre a hepatite zero, que é também mal mundial e grandes campanhas são feitas aqui em São Paulo, no Brasil, a respeito da vacinação também para a hepatite zero.
CN- Conta um pouco sobre sua relação com o Rotary até chegar a ser presidente?
LG- A minha relação com o Rotary começou lá atrás. O meu tio era presidente do Rotary Clube do Bom Retiro, que é um bairro aqui de São Paulo, e eu ficava meio que fascinado com as coisas que ele contava. Frequentei uma ou duas vezes com ele o clube para ficar mais por dentro do que acontecia.
Só entra no Rotary quem é convidado por outro rotariano. E aos 20 anos, eu recebi um convite para participar do Rotaract. Então, só para você entender, o sistema de Rotary começa com o Interact, com oportunidade para jovens de 15 a 18 anos a terem uma percepção de apoio às suas comunidades. Já o Rotaract, de 18 anos em diante, até o jovem atingir uma profissão efetiva. E aí ele entra no Rotary por conta da sua profissão. Isso é muito presente na vida dos americanos e foi lá que nasceu o Rotary, em Chicago.
Então, esses três níveis de Rotary são muito interessantes porque dão aos jovens oportunidades incríveis, especialmente para fazer intercâmbios internacionais, já que uma das propostas básicas de Rotary é lutar sempre pela paz no mundo. Então, há vários programas de intercâmbio, os jovens exercem a liderança, participam de projetos fantásticos, que eles mesmos organizam, eles que desenvolvem, sob o apoio dos rotarianos, dos clubes que eles estão ligados. E aí eu fui convidado para entrar no Rotaract Perdizes, que é outro bairro aqui em São Paulo, E aí aceitei para conhecer, me dei super bem, conheci muitas pessoas super legais, são meus amigos até hoje. E eu assumi vários cargos dentro do clube, depois fui alçado para presidente do Rotaract Perdizes e dei uma contribuição muito grande na minha vida rotária.
Depois, com o meu crescimento profissional, eu ocupei cargos de muita responsabilidade até ser o vice-presidente para a América Latina da maior agência de publicidade do mundo. À época e eu viajava muito e aí eu me afastei do dia-a-dia de Rotary porque era exigida frequência nas reuniões semanais. Se não pudesse participar de uma reunião, você tinha que participar de outra algum outro clube para poder compensar aquela falta. Então, eu não tinha condições, já que eu estava o tempo todo viajando, eu me afastei de Rotary do ponto de vista formal. Mas, pelos meus contatos, pelas áreas que eu atuei sempre, acabei tendo muita relação permanente com os Rotary, dei palestras em vários lugares no Brasil.
E um fato relevante é que, quando eu assumi como deputado estadual, em 1995, exerci muito esse diálogo do Rotary com as autoridades públicas, com os próprios deputados. Acabei dando uma contribuição bastante intensa para a comunidade rotária. Isso também me consagrou mais ainda pela percepção desse ideário que a gente tem. E depois eu assumi um cargo no clube, voltei ao Rotary Clube de São Paulo, fui convidado para esse clube no ano 2000 e fiquei até agora. Nesse período, assumi vários cargos dentro do clube e isso vai te dando não só experiência, mas, ao mesmo tempo, seu nome vai sendo muito percebido pela comunidade, pelos próprios rotarianos que escolhem, por meio de votação, os seus presidentes ano a ano.
CN– Qual a duração da gestão de uma diretoria no Rotary?
LG- A gestão de uma diretoria no Rotary é de um ano. Isso é um dos mecanismos muito bacanas que o clube tem. O símbolo é uma roda dentada e a gente diz que a roda vai girando a cada ano exatamente para proporcionar que todos os associados tenham a oportunidade de ocupar encargos, de exercer a liderança, de terem outras responsabilidades, novos desafios e crescerem enquanto pessoa, enquanto profissionais.
CN- A sua relação com a pauta da sustentabilidade é antiga, não é? Já atuou na pauta dentro do Rotary?
LG- Na questão da sustentabilidade e na pauta do Rotary, eu tenho uma história bacana, porque lá atrás, há mais de 11 anos eu introduzi esse conceito do meio ambiente em Rotary. E a minha ação era dizer o seguinte: o Rotary já é reconhecido mundialmente sobre a questão da pólio, que está se erradicando, e qual vai ser a outra grande ação de Rotary no mundo? E a minha proposta foi atuar no meio ambiente. Não foi fácil. Demorou oito anos.
E há três anos, o Rotary Internacional reconheceu o meio ambiente como uma das áreas de atuação prioritárias, que começa com saúde, saúde da mulher, projetos humanitários, educação, e agora o meio ambiente. Então, com essa minha atuação, eu acabei sendo responsável pela Comissão de Meio Ambiente da Governadoria do Distrito 4563, que é um número mundial onde os Rotarys se localizam. Hierarquicamente, em cada região do mundo, existem uns clubes e sobre os clubes, existe uma governadoria que cuida de X clubes e que dá todo o apoio, todas as informações, estabelece um diálogo mais frequente com a comunidade através do governador de Rotary. E esse governador do meu distrito me nomeou como o responsável pela comissão de meio ambiente. E hoje ela já é uma avenida de serviços, acolhe e recolhe projetos ambientais, tem verba internacional para grandes projetos ambientais.
Então, a nossa contribuição foi muito expressiva. Nós criamos uma cartilha muito legal de sustentabilidade para os rotarianos, que é reconhecida. Então, vai ser bem legal a continuidade desse trabalho. Temos aqui em São Paulo uma missão de plantar no mínimo mil árvores nesse ano, por conta do nosso centenário, multiplicar por 10, 100 anos e vamos trabalhar muito para que isso ocorra e a gente consiga cumprir essa meta.
Ainda sobre essa questão de meio ambiente, só para pontuar, nós vamos fazer no dia 17 de setembro, aqui em São Paulo, o Fórum de Sustentabilidade. Esse é um grande evento para discutir com os vários players a questão da sustentabilidade no Brasil e no mundo com a participação de instituições públicas, o presidente do Pacto Global, do CEBDS, do IBGC e vários atores centrais das empresas. Isso vai gerar notícia.
CN- Fale um pouco sobre sua missão à frente do Rotary.
LG- Os nossos projetos nessa gestão são primeiro fazer a lição de casa, que é valorizar intensamente os projetos ligados à saúde, à educação e ao meio ambiente, estabelecer uma relação de companheirismo e relacionamento profissional intensa com outros clubes de Rotary no Brasil e fora do país.
Temos que cumprir a agenda internacional de Intercâmbio, então isso é bacana também para os jovens. A nossa missão de atuar junto à comunidade, a gente tem um núcleo de desenvolvimento comunitário, que também é muito importante, darmos todo apoio à comunidade local. Mas existem vários outros projetos que tentaremos cumprir ao longo deste ano de gestão, que são o Fórum de Sustentabilidade, algo inédito que nós vamos criar e debater. Vamos fazer o Dia Rotary de Fazer a Diferença, uma grande ação de apoio a uma transformação e inclusão social. Vamos fazer o Fórum de Economia, um grande projeto também para a gente estimular.
Em novembro teremos um debate sobre os problemas nacionais e especialmente as questões da economia. Vamos fazer vários projetos internacionais de intercâmbio com outros clubes, especialmente nos Estados Unidos e Portugal.
Então, temos aí uma agenda grande de atividades incorporadas ao centenário do Rotary. E eu espero que a gente possa deixar aí um grande legado, para o clube, para os associados, para toda a comunidade e, cada vez mais, inspirar os jovens do Rotaract e do Interact a prevalecerem numa ótica mais coletiva, de servir a comunidade, de ter princípios éticos, transparentes e, cada vez mais, o desenvolvimento das lideranças aqui na nossa região.